“Chega a quase 11 milhões o número de imigrantes ilegais nos
Estados Unidos, dos quais cerca de seis milhões são mexicanos, segundo um
estudo divulgado hoje pelo Centro Hispano Pew.”
“Os imigrantes ilegais custam ao governo norte-americano
mais de US$ 10 bilhões por ano, e esse montante pode quase triplicar se eles
tiverem sua situação legalizada, afirmou um estudo. Estima-se que haja 10
milhões de imigrantes ilegais nos Estados Unidos.
A pesquisa, feita pelo Centro para Estudos em Imigração, uma
instituição de Washington que prega a redução da imigração legal e a repressão
à imigração ilegal, comparou a renda gerada por imigrantes pelo pagamento de
impostos com os gastos impostos ao governo pelos serviços que eles e suas
famílias consomem.”
Fronteira entre
México e EUAA fronteira entre o México e os Estados Unidos é na atualidade um
dos mais claros limites entre o mundo rico e o mundo pobre. Em quase toda essa
faixa fronteiriça, de cerca de 5 mil quilômetros, existe um muro intercalado
por trechos de arame farpado, controlado diuturnamente pela guarda de fronteira
norte-americana e por sofisticados sistemas eletrônicos cujo objetivo é impedir
a todo o custo a entrada de imigrantes ilegais nos Estados Unidos.
A cada dia, milhares de pessoas atraídas pela riqueza da
maior potência econômica do mundo, tentam cruzar essa fronteira em busca de uma
nova vida. Os que não conseguem, permanecem na região esperando uma nova
oportunidade. Esta situação gerou uma verdadeira "explosão
demográfica" no norte do México, já que além dos próprios mexicanos,
multidões de quase toda a América Latina para lá se dirigem. Essa situação
gerou enormes bolsões de pobreza que nada ficam a dever às favelas brasileiras.
Situação semelhante se repete, em menor escala, no lado norte-americano, como é
o caso de McAllen (Texas), considerada a cidade com os piores índices de
pobreza em todo os Estados Unidos.
Se o ritmo atual de imigração para o norte do México for
mantido, analistas prevêem que, em cerca de 25 anos, mais ou menos 40% dos
mexicanos estarão vivendo nos estados localizados junto à faixa de fronteira.
Atualmente, já vivem na região quase 20% dos mexicanos. Em 1990, eles não
chegavam a 15%.
Esse expressivo crescimento demográfico se explica também
pelo fato de que foi nesta área que, nas últimas décadas, se instalaram quase 2
mil fábricas de empresas norte-americanas, aproveitando especialmente a baixa
remuneração da mão-de-obra mexicana. Conhecidas como "maquiladoras",
estas unidades fabris se localizam em cidades mexicanas junto à fronteira tendo
do outro lado uma cidade "gêmea" dos Estados Unidos. De maneira
geral, as maquiladoras funcionam da seguinte forma: do lado mexicano ficam as
linhas de montagem e do outro lado da fronteira, os setores administrativos.
Há cidades "gêmeas" ao longo de toda a fronteira,
como são os casos de El Paso (EUA) e Ciudad Juarez (México), Laredo (EUA) e
Nueva Laredo (México) entre outras. A geração de empregos pelas maquiladoras e
a emigração para os Estados Unidos aparecem como alternativas para a melhoria
de renda da população pobre.
O crescimento das maquiladoras contribuiu também para a
formação de uma dinâmica região industrial no México setentrional, atividade
que anteriormente estava quase exclusivamente concentrada na região central do
país.
A cada dia cruzam a fronteira do México para os Estados
Unidos cerca de 1 bilhão de barris de petróleo, 400 toneladas de pimenta, 240
mil lâmpadas, além de US$ 51 milhões de peças de todo o tipo. A fronteira é
também uma faixa de tensão geopolítica devido ao tráfico de drogas, armas e dos
fluxos de imigração ilegal.
Escondidas em fundos falsos de caminhões, caminhonetes e
vans viajam toneladas de remédios banidos por lei, sapatos feitos com pele de
animais em extinção, armas de todos os tipos, além de heroína, maconha e
cocaína. O combate aos cartéis do narcotráfico é um dos pontos centrais das
relações entre México e os Estados Unidos.
Imigrantes ilegais - O
tráfico de imigrantes ilegais tornou-se também um problema de segurança
nacional no México. Seu "comércio", que movimenta cerca de US$ 5
bilhões anuais, é controlado por máfias com ramificações em todo o mundo. Os
"guias" desses imigrantes ilegais, conhecidos como coiotes, chegam a
cobrar 5 mil dólares por travessia. Nas últimas duas décadas não foram poucos
os imigrantes que perderam a vida na tentativa de chegar aos Estados Unidos.
Embora parte deles seja capturada pela polícia de fronteira norte-americana e
mandada de volta para o México, estimativas apontam que a cada ano transitam
pela fronteira cerca de 1 milhão de imigrantes ilegais.
Entre outros fatores, é por isso que o Acordo de Livre
Comércio da América Norte (Nafta), apenas refere-se aos aspectos de livre
comércio entre os países membros. Em nenhum momento sugere a livre circulação
de pessoas.”
Riqueza, saúde, bem-estar, etc. Sao esses os fatores que
atraem imigrantes ilegais para os Estados Unidos. Principalmente, do mexico e
de paises latinos. Mais é isso que eles encontram lá?
Um deserto, um rio, uma forte polícia na fronteira, muito
calor de dia e muito frio a noite. Se eles conseguirem sobreviver a tudo isso,
terão que passar por empregos que podem ter abusos de todo tipo, geralmente de
baixa remuneracao, trabalhos pesados e até jornada diaria mais longa do que o
permitido.
Cenas da novela “America” mostraram todo esse sofrimento.
Mas, nem sempre na vida real há um final feliz, como nas novelas: “Geralmente,
os imigrantes morrem na fronteira ou são capturados. Várias pessoas gastam
entorno de 10 mil reais para fazer uma viagem que não dará em nada e ainda
tentam novamente.”
“É tentação demais para os mexicanos, que, desde que os
americanos optaram por reforçar a fronteira californiana, passaram a ir para o
Arizona, onde a divisa é pouco policiada, gerando uma situação cujo potencial
explosivo só agora começa a ser avaliado. Na falta de guardas de fronteira, os
fazendeiros da região, irritados com os imigrantes ilegais - que, garantem,
cortam cercas, danificam bombas de água e deixam lixo em pastagens -, assumiram
o policiamento.
São várias as histórias de imigrantes ilegais que tentam
entrar no país pelo Arizona e são mortos por fazendeiros. Um deles, atingido
por um disparo na virilha ao se aproximar de um fazendeiro, implorando por um
gole d'água, foi abandonado no deserto, onde sangrou até morrer. Um dos
fazendeiros, Roger Barnett, proprietário de uma área na fronteira, chegou a
capturar cerca de 3 mil imigrantes ilegais em apenas 5 meses. No Arizona, os
imigrantes ilegais custam cerca de US$ 15,5 milhões anuais às cidades da
fronteira, em despesas com processos envolvendo acusações de roubo e outros
delitos.
Os perigos, contudo, não desestimulam os candidatos a um
emprego nos EUA, onde o salário, mesmo para quem não tem documentação, pode
superar os US$ 6 por hora, contra US$ 2 ou menos por dia no México. Hoje em
dia, um em cada nove mexicanos vive nos Estados Unidos. Imigrantes respondem
por 31% da mão-de-obra não-especializada empregada no país. Mais da metade dos
2,5 milhões de trabalhadores rurais nos EUA são imigrantes ilegais.”
“É com isso que sonham tantos brasileiros que vêm pros
Estados Unidos: riqueza, conforto, segurança ou, no mínimo, um emprego com bom
salário. Mas é a morte o que muitos encontram no caminho, como mostra um
comercial da patrulha de fronteira americana.
"Há muitas razões para cruzar a fronteira, nenhuma vale
mais do que a sua vida", prega o comercial.
“Deixei minha esposa, meu filho de dois meses e meio, minha
mãe”, conta um brasileiro.
“Passamos frio, fome, fomos maltratados, muito maltratados.
Eu me perguntei diversas vezes o que eu estava fazendo ali. Por que depois que
você chega ali é que você vê. Eu não tinha a necessidade de estar ali. Voltar
era pior”, diz uma mulher.
Estes brasileiros já haviam cruzado a fronteira quando os
encontramos. Ao chegar aos Estados Unidos, exaustos, se entregaram à patrulha e
foram presos.
Durante 30 dias, sob um sol escaldante, atravessaram o
México, passando por lugares infestados de cobras.
“A mulher foi picada por uma cobra, os coiotes tiveram que
assassinar ela. E perguntaram ao noivo dela e o noivo deixou que atirassem
nela", relata o homem.
Para os imigrantes ilegais, esta é a última etapa antes de
entrar nos Estados Unidos: a fronteira com o México. O que os separa do sonho
americano é apenas um rio. Menos de 50 metros de distância aqui neste ponto. É
para atravessá-lo que tantos brasileiros arriscam tudo, inclusive a vida.
Joe Aguillar é dono de uma fazenda bem na fronteira.
Milhares de imigrantes passam pelas terras dele. Joe mostra as cercas
derrubadas.
“O senhor tem percebido se nos últimos tempos tem aumentado
o número de brasileiros?”, pergunta o repórter.
"Aumentou demais. Agora trazem crianças de quatro,
cinco anos”, responde Aguillar.
Mais de 15 mil agentes fiscalizam a fronteira. Toda a
extensão do rio é monitorada por câmeras e iluminada durante a noite. Caminhões
que entram nos Estados Unidos passam por aqui. Parece um prédio, mas é um
gigantesco equipamento de raio-x que revela o que existe por trás até mesmo de
metal. É para descobrir se, no compartimento de carga, há drogas, contrabando
ou imigrantes.
Os patrulheiros que percorrem o rio de barco vão armados com
fuzis militares M-16. De vez em quando têm que enfrentar contrabandistas e
traficantes de drogas. Mas uma das principais missões deles é salvar pessoas
que caem no rio. Apesar de ser estreito, é bastante profundo. Num trecho são 20
metros de profundidade e em alguns pontos a correnteza é bem forte. Por isso,
quem cai aqui corre o sério risco de se afogar. A cruz na beira é uma lembrança
disso.
No ano passado, 41 pessoas foram encontradas mortas pela
patrulha nesta região. Este ano, já foram 14. Os patrulheiros sobem e descem o
rio em busca dos lugares preferidos para travessia. Num dos trechos, eles
avistam sinais. Encontram roupas, sacos com remédios, pertences deixados para
trás na tentativa desesperada de entrar nos Estados Unidos.
Por toda a região, a patrulha instalou sensores embaixo do
solo. Quando alguém passa, o alarme dispara e os imigrantes são presos.
Os brasileiros que encontramos na rodoviária de McAllen já
haviam passado por tudo isso. Estavam esperando um ônibus para uma cidade no
norte dos Estados Unidos. Eles tiveram os passaportes apreendidos e foram soltos,
sob a condição de se apresentar à Justiça daqui a seis meses.
“A maioria não se apresenta. Aí você passa a ser procurado.
Aí a vida complica mais ainda”, diz um imigrante.
Levarão uma vida de foragidos. Se forem encontrados, serão
deportados ou irão para a cadeia.”